
Comprei meu apartamento e fui morar sozinho, perto da faculdade. Eu desejava a liberdade de morar de só, mesmo tendo colegas de casa tão legais e gente boa. Comprei um apartamento bom, duas suítes, sendo uma o quarto para visita, um quarto pequeno, sala e cozinha, banheiro social e uma sacada. Simples, mas era perfeito para mim.
Mas era difícil. Quase três horas para voltar para casa após a faculdade, ainda tinha que fazer os trabalhos, estudar e levantar cedo, bem cedo, para trabalhar no outro dia. Essa era minha vida: eu me levantava cedo, encarava ônibus e metrô, trabalhava, encarava mais um metrô e outro ônibus até a faculdade e depois voltava para casa.
Com o passar dos meses, após a mudança, comecei a ter mais tempo para mim. Eu gastava menos tempo para ir trabalhar e bem menos para voltar para casa. A caminhada do portão da faculdade à porta do meu prédio durava cerca de vinte minutos, caminhando tranquilo.
Eu sempre tive o hábito de meditar, desde pequeno. Mesmo sem saber mantras, eu me sentava na pose de lótus, fechava os olhos e respirava fundo. Depois passei a estudar o budismo e outras religiões. Não seguia firmemente os ensinamentos, mas me esforçava muito para viver bem, pensar positivo, não causar mal a ninguém etc.
Com mais tempo livre, voltei a meditar. Colocava meu tapete no chão, acendia um incenso e uma vela, colocava os fones de ouvidos e recitava meus mantras aos sons de cachoeiras, da noite, do vento, do universo. É uma sensação, uma experiência fantástica.
Mas certo dia, como isso é um relato de algo sobrenatural, algo aconteceu.
Bom... eu estava meditando, como de costume - já havia encerrado as aulas e defendido minha dissertação. Tinha muito tempo livre. – e eu senti uma tempestade se aproximando, vinda do leste, encobrindo o sol, e com ela se aproximavam gritos.
Eu abri os olhos, tirei o fone e fui até a janela. O dia estava normal. Olhei para as casas, imaginei que fosse algo acontecendo no bairro... nada. Tudo na santa paz.
Eu achei que fosse o quarto, era o menor que tinha no apartamento e onde eu guardava algumas coisas minhas. Meio que um armário para a bagunça “organizada”.
Meditei na sala no outro dia, aconteceu o mesmo. Meditei em meu quarto no outro final de semana, novamente senti aquilo. Percebi que não era o local... nem tampouco o apartamento. Meditei uma vez no parque ecológico da cidade e senti o mesmo.
Voltei a meditar só no quarto, ignorava o máximo que podia aquela sensação para terminar meus mantras e minhas sessões de meditação.
Certo dia... estou arrepiado só de lembrar. Bom, certo dia eu fui meditar, acendi o incenso, coloquei o tapete no chão, coloquei uma música pra relaxar, sentei na posição de lótus e comecei... A escuridão chegou rápido, eu arrepiei cada pelo do meu corpo, e eu ouvia os gritos, andando no horizonte... As gotas de chuvas eram tão geladas e tão reais.
Eu tentei ignorar... mas quando senti que tinha algo atrás de mim, eu me virei, de olhos fechados...
Eu vi a chuva forte caindo, eu ouvi os gritos passando por mim e me senti fraco. Abri os olhos e o céu cintilava o azul celeste do dia. Mas eu senti ali, a tempestade e os gritos. Era só eu fechar os olhos que aquilo me assustava. Não sei como isso acabou, não lembro o que fiz para que isso parasse ou se essa foi a última vez que aconteceu. Talvez fosse um aviso, mas juro, eu não compreendi o recado completamente.
Baseados em fatos.
E agora, aproveitando para compartilhar o que a Inteligência Artificial desenhou usando alguns comandos que resumiram esse conto.
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