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A árvore

Foto do escritor: Odilon JúniorOdilon Júnior
A árvore - Pequenos contos medonhos - Odilonpjr

Maria Luíza saiu a tarde de casa, queria caminhar e ver a prima que morava em uma fazenda. Ela saiu do vilarejo pela rua principal, seguiu até encontrar uma bifurcação e caminhou pela estrada de terra. O sol já se escondia, mas ela não ligava, conhecia o caminho, e já era quase moça.

Contornando os barrancos, seguindo as cercas, ela caminhou e caminhou por alguns minutos, até se ver completamente imersa na escuridão. Uma estranha escuridão que chegou de repente, sem avisar e sem esperar o sol se por.

Agora com medo, Maria Luíza resolveu voltar. Retornou pelo caminho e acabou se perdendo em meio as altas árvores que ali surgiram. Cinzas, com troncos pálidos, folhas secas e uma seiva escura escorrendo, as árvores não eram da região... Ou Maria não era da região.

Tudo parecia ser de um lugar diferente e ela, a desafortunada menina, era uma invasora.

Chorando, a pequena caminhou por entre as árvores e encontrou uma colina.

- Talvez se eu subir em um lugar alto, eu possa ver por onde devo ir. – pensou ela.

E assim o fez, caminhou, observando agora o silêncio que abafava até seus passos e sua respiração. Ela andou, andou e andou até subir toda a colina. E lá em cima encontrou uma árvore solitária, sem folhas, apenas com ganhos secos e inúmeras pessoas ali enforcadas.

Maria Luíza gritou, chorou e correu. E não importava para qual lado ela seguia, ela sempre voltava a encontrar a árvore solitária.

Cansada e sozinha, ela ouvia as vozes da árvore.

- Vem, pequena, vem aqui. Temos uma corda especial para você brincar e balançar. – diziam.

- Eu não quero balançar, eu quero ir pra casa.

- Crianças teimosas não voltam pra casa.

- Mas eu não sou teimosa, só queria ver minha prima.

- Crianças teimosas não devem sair sozinhas...

- Mãe... – a pequena menina sentiu o corpo pesar, seus olhos fecharam e ela desmaiou.

Pouco depois se viu sendo carregada por alguém, que iluminava a estrada com uma lanterna.

- Q-quem é você?

- É a vovó, meu bem. Não se preocupe. Nós estamos voltando pra casa.

- E a árvore com as pessoas, vovó?

- Está tudo bem, meu bem. Foi só um sonho ruim... O mesmo sonho que a vovó já teve um dia.

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