
Maria Luíza saiu a tarde de casa, queria caminhar e ver a prima que morava em uma fazenda. Ela saiu do vilarejo pela rua principal, seguiu até encontrar uma bifurcação e caminhou pela estrada de terra. O sol já se escondia, mas ela não ligava, conhecia o caminho, e já era quase moça.
Contornando os barrancos, seguindo as cercas, ela caminhou e caminhou por alguns minutos, até se ver completamente imersa na escuridão. Uma estranha escuridão que chegou de repente, sem avisar e sem esperar o sol se por.
Agora com medo, Maria Luíza resolveu voltar. Retornou pelo caminho e acabou se perdendo em meio as altas árvores que ali surgiram. Cinzas, com troncos pálidos, folhas secas e uma seiva escura escorrendo, as árvores não eram da região... Ou Maria não era da região.
Tudo parecia ser de um lugar diferente e ela, a desafortunada menina, era uma invasora.
Chorando, a pequena caminhou por entre as árvores e encontrou uma colina.
- Talvez se eu subir em um lugar alto, eu possa ver por onde devo ir. – pensou ela.
E assim o fez, caminhou, observando agora o silêncio que abafava até seus passos e sua respiração. Ela andou, andou e andou até subir toda a colina. E lá em cima encontrou uma árvore solitária, sem folhas, apenas com ganhos secos e inúmeras pessoas ali enforcadas.
Maria Luíza gritou, chorou e correu. E não importava para qual lado ela seguia, ela sempre voltava a encontrar a árvore solitária.
Cansada e sozinha, ela ouvia as vozes da árvore.
- Vem, pequena, vem aqui. Temos uma corda especial para você brincar e balançar. – diziam.
- Eu não quero balançar, eu quero ir pra casa.
- Crianças teimosas não voltam pra casa.
- Mas eu não sou teimosa, só queria ver minha prima.
- Crianças teimosas não devem sair sozinhas...
- Mãe... – a pequena menina sentiu o corpo pesar, seus olhos fecharam e ela desmaiou.
Pouco depois se viu sendo carregada por alguém, que iluminava a estrada com uma lanterna.
- Q-quem é você?
- É a vovó, meu bem. Não se preocupe. Nós estamos voltando pra casa.
- E a árvore com as pessoas, vovó?
- Está tudo bem, meu bem. Foi só um sonho ruim... O mesmo sonho que a vovó já teve um dia.
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